segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

... eu entrego os pontos

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que eu estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

As Flores do Mal

A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRE

Charles Baudelaire (Les Fleurs du Mal)


Teu ar, teu gesto, tua fronte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.

A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade,
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.

As fulgurantes, vivas cores
De tua vestes indiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.

Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!

Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;

E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.

Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,

Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,

E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ato solitário

"Se eu  tivesse que mudar de vocação eu preferia uma outra que eu mais curto, que é a de músico de jazz. Também pelo fato de ser uma criação coletiva, em que vários participam. Porque o que eu acho que há de formidável é que o ato de criação é um ato de amor, e eu não posso conceber amor do qual não participei em pelo menos dois. E isso que eu acho de trágico, de dramático no dilema do escritor e no seu destino de artista, é que escrever é um ato solitário: Ou ele fica sozinho como um demônio amando apenas a si mesmo, ou ele como um santo sai amando a humanidade inteira".

Fernando Sabino

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Faz parte do meu show, meu amor!

Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho.

Cazuza


É sou ariano também, somos assim e ponto.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dear Friends

So dear friends
Your love has gone
Only tears to dwell upon
I dare not say
As the wind must blow
So a love is lost
A love is won
Go to sleep and dream again
Soon your hopes will rise
And then from all this gloom
Life can start anew
And therell be no crying soon

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

os funerais do coelho branco

Tento pensar em coisas
Que não me deixem lembrar
Das noites em que
Fiz planos para
Trocar os meus olhos
Por estes restos de comida e
Cinzas de cigarro molhadas
Impressas no tapete
Em festas que estive
E ninguém me viu
Atirar bolo aos peixes
Pra que teorizar sobre estar só
Se o inverso de ser feliz
É a certeza de saber que
Nem sempre temos
Respostas que queremos ouvir?
Então me liga! - ela disse
Na verdade sequer lembra o meu nome
Ligo sim... é claro. – respondi
Acabo sempre ligando
"Sabe, hoje talvez passe
aquele filme que eu gosto tanto..."
É eu podia ser gentil
E perguntar coisas fúteis,
Mas o que eu queria mesmo
É ter um copo de água suja
Pra beber e parar de fingir
No saber se o vazio é bem maior
Agora que sabemos ter feito
O melhor pra nós dois
E deixamos tudo mais pra depois.
Sabe,
Às vezes, penso mesmo que dizer
“deixa pra lá” cansa menos
e você?
Nenê Altro.


não tenho mais nada pra dizer, ele já disse tudo.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

How sweet to be an idiot.

Vamos lá... mais um post depois de alguns anos.

(10 minutos pensando no que escrever com a porra da setinha piscando e esperando seu cérebro funcionar)

Vejam só, as pessoas sempre querem que a sociedade seja mais justa, sincera, que tenha valores, princípios e ideais. Porém quando todas essas coisas se voltam contra você é algo a se questionar.

Tento ser justo quando abro mão de coisas para preservar outras. Tento ser sincero quando digo o que sinto e penso (aqui mesmo ou em qualquer lugar), mesmo que isso me afete negativamente. Tento ser um homem de princípios e ideais, pois sei que essas são as únicas coisas que não se pode tirar de alguém.

O que quero dizer é que estou dançando fora do ritmo por mais que me esforce. Nem sempre você consegue unir sua boa intenção com boa receptividade, e isso é fato!

Pois então devo ser mentiroso, injusto e anti-ético? Sim. Sinto que às vezes agir de forma incorreta não é nenhum pecado, desde que seja para fazer coisas boas.

Pode ser que ninguém entenda onde eu quero chegar, ou talvez eu não queira chegar a lugar nenhum. O que importa é que sei que a partir de agora questiono a minha moralidade eterna que vem seguida da minha ingenuidade, de sempre achar que tudo deve ser exposto.

De que eu sou um idiota eu sei e você também sabe. Só gostaria de ser um idiota sem precisar fazer disso uma tortura diária.

Vou viver a minha vida. É o que resta.